Ah… como é bom ser médico! Bem, tudo depende da sua especialidade.
Lembro-me de quando estava na faculdade e imaginava como poderia ser terrível para alguns seguirem certas áreas. Por exemplo: coitado do proctologista… Aonde ele vai tiram barato da cara dele. Pobre do psiquiatra; sempre acham que é louco. Infeliz do urologista que todos os homens têm medo. Má escolha fez o ginecologista, que todo mundo acha que é tarado ou vai enjoar da coisa.É, meus amigos. Mal sabia eu do meu destino…! Fui escolher uma área em que me sinto o médico “proibido”.
Vou explicar: meu cartão não pode ter “sexologista” porque todo mundo (fora minha mãe, é lógico), não quer ter na carteira um cartão assim. Imagina se alguém acha? Se colocar o “sexologista”, posso deixar uma lata de lixo do lado de fora do meu consultório para “resgatar” meus cartões de volta. Bem, tem um lado bom. Eu não precisaria mais fazer cartões novos.
Em todo o lugar que eu vou e me apresentam a pessoas novas já vão anunciando: “Esse é aquele meu amigo que gosta de pinto”, “Esse é aquele amigo meu que te falei, que é tarado”, ou ainda me apresentam como “Marta”, de Marta Suplicy. O pior é a reação das pessoas quando explico qual é a minha especialidade- “Ha, ha, ha! Agora fala sério!”, “Isso existe mesmo!”, “Ah é, é? E o que você faz?”, ou então simplesmente: “Ha ha ha há, você é muito engraçado mesmo!”.Sem falar no orgulho da minha namorada me apresentando para sua família: “ Este é meu namorado, ele é médico (que orgulho né?)…pausa…ortopedista”.
Encontrar com um paciente na rua ou em qualquer outro lugar público é um perigo. Ninguém quer me cumprimentar. Os pacientes passam e fingem que não me viram. Já imaginaram se alguém pergunta a eles: “De onde você conhece este cara?”
E pior ainda, como que este paciente vai me apresentar à sua esposa, namorada ou amigo? “Olha fulano, esse aqui é o dr. João, meu sexologista”. Indicação de um paciente para o outro…Ah, pode esquecer. Todo mundo indica: “Conheci um ótimo dermatologista, ou gastroenterologista ou neurologista…”, mas ninguém fala: “Tenho um excelente sexologista que posso lhe indicar!”
Ô dureza! Mesmo assim, amo o que faço!