Quando vemos no noticiário casos de estupro – coletivo ou não – ficamos naturalmente chocados e temos dificuldades para compreender como isto é humanamente possível. Afinal, a relação sexual, via de regra, deve ser consensual, prazerosa e aumentar a intimidade do casal, não só física, mas, principalmente, afetivamente.
O fato é que, apesar de todo o avanço da psicanalise e da sexologia, a sexualidade humana continua sendo objeto de grande repressão para muitos de nós, resultando em traumas e, em casos extremos, em transtornos abomináveis como, por exemplo, a pedofilia e o estupro.
Existem pessoas que apresentam uma conduta sexual diferente da considerada “normal” e socialmente aceita. São as, popularmente chamadas, “perversões” sexuais ou parafilias, e entre as mais comuns podemos destacar o voyeurismo (observação de outras pessoas nuas ou tendo relações), o fetichismo (uso de objetos ou fantasias) e o exibicionismo (exposição dos genitais para desconhecidos).
Estes tipos de fantasias sexuais, quando são praticadas de comum acordo entre os parceiros, não são consideradas transtornos e a terapia sexual, nestes casos, auxilia na modulação deste tipo de comportamento, no sentido de manter saudável o relacionamento entre o casal.
Porém, quando estes impulsos sexuais se tornam extremamente intensos e exclusivos, ou seja, a pessoa não consegue obter prazer de outra forma ou da forma “normal”, eles passam a ser uma doença – a parafilia patológica, caracterizada principalmente por envolver crianças (pedofilia) ou outros adultos não consentidores (estupro), e causar sofrimento ou humilhação ao parceiro ou a si mesmo.
Pessoas com parafilia patológica não têm capacidade de desenvolver intimidade afetiva ou emocional e, geralmente, manifestam um padrão de excitação sexual perturbado desde a adolescência, por vezes associado a traumas emocionais, violência ou repressão sexual.
Apesar de não existirem estudos precisos, nota-se um número maior homens parafílicos do que mulheres. Além disto, alguns apresentam transtornos de personalidade associados, o que torna o tratamento terapêutico mais difícil, sendo necessária intervenção medicamentosa e, às vezes, até a internação.
João Luis Borzino é terapeuta sexual de casais e sexólogo com mais de 12 anos de atuação profissional.